O que é a varicela?
Trata-se de uma doença causada por uma infeção viral (pelo vírus varicela zoster, do grupo Herpesvirus), e é na grande maioria dos casos uma doença benigna e autolimitada!
Como se manifesta?
As alterações cutâneas, as típicas “bolhinhas” por todo o corpo são a sua grande característica.
Inicialmente manifesta-se com umas pequenas manchas vermelhas (máculas), que evoluem rapidamente para lesões sólidas da pele (pápulas), seguindo-se a formação das “famosas” borbulhinhas com cabeça de conteúdo líquido, bolhas de água (vesículas) e finalmente terminando com a formação de crostas (habitualmente 10 a 12 dias depois).
Surgem habitualmente no tronco, passando para as extremidades, rosto, couro cabeludo, e axilas… mas podem surgir dentro da boca, nas orelhas e nos genitais…
Atenção! Não sendo muito comum existem casos em que a varicela é assintomática não existindo presença destas lesões!
Outros sintomas que surgem são: a febre, que nem sempre acontece e na maioria das vezes é baixa, dor de cabeça, mal-estar geral, falta de apetite e comichão e desconforto associado às lesões da pele.
Qual é o período de contágio?
O período de contágio da varicela é de 1 a 2 dias antes do aparecimento das lesões até 6 dias depois. O vírus começa a ser eliminado pelas gotículas respiratórias cerca de 2 dias antes de iniciarem as manifestações da doença, pelo que quando surgem as manchas na pele, provavelmente já contagiaram outras pessoas.
Como se transmite?
A varicela transmite-se por contacto direto, como referido acima por gotículas de ar existentes na pessoa com varicela, eliminadas quando esta espirra, tosse ou fala, e também através de contacto direto quando alguém toca nas borbulhas ou em objetos contaminados. De lembrar que as lesões só deixam de ser contagiosas quando estão na fase de crosta!
Deve-se evitar o contágio?
Como referido é uma infeção de fácil transmissão, e nesse sentido as indicações são essencialmente de proteger pessoas suscetíveis, como sejam grávidas e pessoas com algum tipo de imunodepressão (SIDA, doenças oncológicas, em tratamento com quimioterapia, …), sendo de evitar frequentar locais fechados onde possam disseminar o vírus.
Como se trata?
Essencialmente o tratamento foca-se no alívio dos sintomas existentes. Pode ser necessário, de acordo com prescrição médica, recorrer a anti-histamínicos para controlar a comichão, e paracetamol para controlar a febre.
Atenção!!! O ibuprofeno não deve ser dado nestas situações, estando associado ao aumento de risco de algumas complicações.
A hidratação da pele e aplicação de tópicos específicos para o efeito podem ser uma mais valia, no entanto sempre segundo aconselhamento do profissional de saúde. Será útil manter as unhas da criança bem cortadas, evitando lesões na pele!
Existe ainda a possibilidade de recorrer a antivíricos (aciclovir), não sendo as opiniões consensuais a este nível, até porque a literatura refere que a sua eficácia só está demonstrada nas primeiras 48-72h de doença. Existe recomendação desta medicação somente para os seguintes casos:
- a) adolescentes e adultos;
- b) segundos casos na família, porque geralmente têm manifestações mais graves;
- c) crianças com doenças cardiopulmonares ou cutâneas crónicas;
- d) crianças a fazer tratamentos prolongados com corticoides;
- e) crianças a fazer tratamento crónico com ácido acetilsalicílico
A varicela pode ser perigosa??? Quais são as principais complicações???
Importa referir que as complicações são pouco frequentes. Habitualmente relacionam-se com infeções das lesões da pele, ou complicações por lesão direta do próprio vírus, ao nível dos pulmões e cérebro, mas como referi são extremamente raras!
Importa sim vigiar alguns sinais de alarme que exigem observação médica urgente:
- mau estado geral da criança, criança prostrada, pouco reativa
- falta de ar ou sinais de dificuldade respiratória
- febre que não cede à medicação
- alterações ao nível do equilíbrio, da marcha ou da linguagem
- zonas de pele muito vermelhas, duras e dolorosas, ou lesões com sinais inflamatórios (com presença de conteúdo purulento)
Existe vacinação?
Sim, todavia, em Portugal a vacina da varicela não está incluída no Programa Nacional de Vacinação, ainda que autorizada pelo Infarmed. De acordo com a Sociedade Portuguesa de Pediatria e a Organização Mundial de Saúde vacinar as crianças saudáveis por rotina não é o ideal. Assim a vacina da varicela pode ser administrada aquando prescrição médica sendo recomendada nas seguintes situações:
- mulheres não imunes antes da gravidez
- pais de crianças jovens, não imunizados
- adultos ou crianças que contactam habitualmente com doentes imunodeprimidos
- indivíduos não imunes em ocupações de alto risco (trabalhadores de creches e infantários, professores, profissionais de saúde)
A boa notícia é que a Varicela só surge uma vez na vida, a partir daí adquire-se imunidade para o vírus.
Estou à vossa espera, consultem:
Enf. Ângela Baptista
Mestre em Saúde Infantil e Pediatria